Foto: Arquivo Pessoal
A santa-mariense Martha Bohrer Adaime, 56 anos, casada com o autônomo Nilson Medeiros Alves, é professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) há três décadas. Graduada em Química Industrial, a profissional tem pós-graduação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e, durante 12 anos, fez parte da gestão do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE). Atualmente, a filha da dona de casa Lecy Adaime e do bancário Jorge Adaime é pró-reitora de graduação da UFSM e, durante os 30 anos de atuação no Ensino Superior, contribuiu para os processos administrativos da instituição, além de ter marcado a vida de centenas de estudantes.
Diário - Na infância, a senhora já dava sinais de que seria professora ou que seguiria a área da Química?
Martha Bohrer Adaime - Na infância, não, mas, na adolescência, sim. Assim que comecei a aprender química, me encantei pela área. Entretanto, não pensava em ser professora. Minha intenção era ser química de uma grande indústria, apesar de meu falecido pai, Jorge Adaime, sempre ter me incentivado a seguir a docência. Aos 16 anos, quando comecei a cursar Química Industrial, estava certa de que seria uma profissional de planta industrial, usando macacão, capacete e botas. No último ano do curso, em 1983, aos 19 anos, fui estagiar na Petrobras, no Rio de Janeiro e, em apenas dois meses de estágio, a rotina se revelou desanimadora. Ao retornar para o curso de Química, já estava decidida a buscar formação em mestrado e doutorado, para, então, seguir a carreira docente, bem de acordo com a previsão do meu saudoso pai.
Foto: Arquivo Pessoal
Com os irmãos Beto, Jorge, Vera e a mãe Lecy Adaime
Diário - Como surgiu a oportunidade de fazer doutorado na Universidade Estadual de Campinas?
Martha - Em 1984, após a formatura em Química Industrial, prestei prova para ingressar no Programa de Pós-Graduação em Química da Unicamp, escolhida por ser conceituada e estar localizada em uma boa cidade para morar e fora do eixo das capitais. Com apenas 20 anos, tive que passar por um período de adaptação. Além de deixar a família, estava assumindo um compromisso em uma cidade distante, quando a comunicação ainda era precária. Depois de um semestre cursando disciplinas de nivelamento, ingressei como aluna de pós-graduação da Unicamp.
Foto: Arquivo Pessoal
Ao lado do marido, o autonomo Nilson Alves
Diário - A senhora atuou como pró-reitora de planejamento e trabalha como pró-reitora de graduação da UFSM. Quais são as principais contribuições que a senhora deu e tem a oferecer à instituição nessas áreas?
Martha - Em 2014, como pró-reitora de planejamento durante 10 meses, primeiro ano da gestão dos professores Burmann e Bayard, busquei, com eles, usando a experiência como diretora de Centro, uma relação próxima aos diretores de unidades para a distribuição dos recursos baseada em índices de produtividade. Também foi significativa a união dos setores da Avaliação Externa e Interna dos cursos em uma coordenadoria única, para, com isso, buscar um diagnóstico mais exato da qualidade dos cursos de graduação.
Diário - A senhora trabalhou também na implantação das formaturas institucionais.
Martha - Como pró-reitora de graduação, essas contribuições passam pela implantação das comissões de seleção e ingresso do SiSU, com o professor Jerônimo Tybusch, até a revisão de normativas, criação da Coordenadoria de Ações Educacionais, implantação do vestibular indígena, além da constante busca pela qualidade dos cursos de graduação, entre outros avanços. Agora, na gestão Burmann e Luciano, tenho orgulho de ter participado do projeto de implantação das formaturas institucionais a custo zero para os formandos.
Foto: Arquivo Pessoal
Ao lado do professor Paulo Burmann, na cadidatura à reitoria da UFSM, em 2009
Diário - Na sua carreira na UFSM, quais momentos lhe marcaram mais?
Martha - Talvez, tenha sido a candidatura à reitoria da UFSM em 2009, com o atual reitor, professor Burmann. Naquele momento, senti que poderia contribuir muito para a gestão da instituição. A frustração veio com a derrota. Tirei uns dias de férias. Entretanto, os amigos, ou seja, os servidores técnico-administrativos do CCNE me buscaram em casa para que eu continuasse na gestão do Centro por mais quatro anos.
Diário - Qual é a importância da UFSM e de Santa Maria para a sua formação pessoal e profissional?
Martha - A UFSM fez toda a diferença na minha vida e na história da minha família.
Quando éramos crianças, meu pai, bancário do Estado do Rio Grande do Sul, perdeu promoções por não aceitar sair do Coração do Rio Grande. Ele sabia da importância que o curso de graduação teria nas nossas vidas e sempre nos proporcionou condições para que estudássemos e cursássemos a UFSM. Na época em que terminei o doutorado, havia vagas em multinacionais para perfis como o meu, mas, em 1989, optei por fazer concurso na UFSM. Entendi que poderia voltar e contribuir com a instituição que havia proporcionado gratuitamente a minha formação. Em termos pessoais, estar trabalhando na Universidade me possibilitou estar perto da minha família e principalmente ter cuidado dos meus pais na velhice deles.
Foto: Arquivo Pessoal/Rodeada pela família, um dos seus grandes tesouros
Diário - A senhora é bastante apegada à família. O que ela representa na sua trajetória?
Martha - Minha grande família tem oito sobrinhos, a Lauren, Sâmia, Rafael, Elias, Jorge Neto, Mariana, Luiza e Nicole. Depois da morte de meus pais e do meu irmão mais velho, Beto, a família se tornou menor. Somos muito unidos. Almoçamos juntos todos os finais de semana. Sou muito próxima do meu marido, Nilson, da minha irmã Vera, da sobrinha Lauren, da afilhada Eduarda, do afilhado Rafael Adaime Pinto e dos filhinhos dele, Vini e Martin. Meu pai me ensinou que família deve estar unida, mesmo nas adversidades. Família não tem formato. É composta, também, por amigos e por quem gosta de estar conosco.